terça-feira, 30 de junho de 2009

COMPREENSÃO DE LEITURA (DISCURSOS)


LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS – AULA DO DIA 07/02/2009
(Professora Gilda Lins)


RESUMO


COMPREENSÃO DE LEITURA (DISCURSOS)



A forma prática para se entender um discurso é verificando a sua linguagem. Ler o que não está claro, ou seja, o que se está implícito. Todos nós temos papéis sociais e devemos usá-los de acordo com as circunstâncias.
Os conhecimentos devem se sempre dialógicos, baseados na troca, pois a prática deve sobrepor-se à teoria. É importante sairmos da condição de professor para educador. Conhecer bem o mundo e sua realidade tem tudo a ver com a capacidade de interpretação e faz com que tenhamos segurança sobre o que iremos expressar.

A PESQUISA

Quando os conhecimentos não estão prontos é necessário pesquisar. A pesquisa é um paralelo que se estabelece entre a teoria e prática. Deve-se, portanto, teorizar a pesquisa, levá-la para a sala de aula, e lá, dar-se os encaminhamentos para que ela aconteça.
Todos temos conhecimentos comuns, mas é preciso também termos o conhecimento científico. A pesquisa é iniciada a partir do momento em que se detecta um determinado problema. Ninguém aprende sozinho, quem se isola perde espaço, não vive.
A língua é o conjunto de elementos solidários, mas a concepção de Gramática na linguagem é fundamental. Apesar das normas estabelecidas pela Gramática, as interpretações são livres e devem ter estabelecer uma relação de sistematização das regras.


O TEXTO

O texto deve sempre ter um caráter envolvente, acolhedor, onde aja uma passagem do conhecimento empírico para o conhecimento científico. Textos não são parágrafos isolados, tem que ter coesão e coerência.
TEORIA / PRÁTICA / PESQUISA (GRAMÁTICA NO TEXTO E GRAMÁTICA DO TEXTO – NORMATIVA E CONTEXTUALIZADA): O texto precisa do uso das normas gramaticais, porém, dependendo do contexto pode-se variar as classes. Cada texto tem a sua Gramática no sentido do funcionamento, da estruturação. A importância está na maneira como o texto é construído, e essa construção depende dos termos utilizados ou da maneira como eles serão absorvidos.
O escritor é livre para utilizar os termos gramaticais que podem ter uma significação léxica diferente no contexto.
Um bom texto deve conter a seguinte relação:
TEXTO / DISCURSO / INFERÊNCIA / EMPATIA (FALAR O QUE O OUTRO ESPERA) / CRENÇA / VALORES.
Através das inferências realizadas, o autor conseguirá penetrar no que está implícito e fazer o enunciado. Ao mesmo tempo, o público (Destinatário) deve ser envolvido. O campo político é especialista nesta função.
Quando se produz, tem-se em mente o leitor. O saber dizer aquilo que o outro espera, demonstra grande capacidade comunicativa. Duas características fazem parte desse conceito: ser econômico e dizer o que precisa ser dito.
Apesar da permissão natural da leitura do texto, alguns encaminhamentos devem ser seguidos. Há partes do texto que podem levar a várias leituras (Leituras diferentes).
“O TEXTO É A MATERIALIZAÇÃO DO DISCURSO”.

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

POSSENTI, Sírio. Por que (Não) ensinar gramática na escola. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1996. (Coleção Leituras do Brasil)

Texto resenhado pelo aluno Samuel de Santana Cazumbá, do curso de especialização em Língua Portuguesa da Universidade Federal de Pernambuco.

Sírio Possenti é professor associado no Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem – IEL/UNICAMP, pesquisador do CNPq, volta-se sobre questões de teoria e de análise em Análise do Discurso. É autor de diversos livros sobre discurso, estilo e subjetividade e também sobre humor. Além de artigos em revistas especializadas, escreve semanalmente sobre língua no portal Terra Magazine.

O texto apresenta-se dividido em tópicos, o que facilita a leitura e o entendimento. Apesar de não conter gráficos ou tabelas, o conteúdo é acessível aos que se interessem a lê-lo.
O autor faz uma análise sistemática dos vários tipos de gramáticas escolares levando em conta a língua padrão e sua estrutura. Vale salientar que tal estrutura apenas servirá de base para aqueles que derem continuidade à vida escolar enquanto os menos aquinhoados utilizarão aquilo que internalizaram apenas para conseguirem um certificado de ensino médio.
Ao definir gramática como “conjunto de regras”, Possenti abre um leque de possibilidades, dentre as quais destacam-se três: as regras que devem ser seguidas; as regras que são seguidas e as regras que o falante da língua domina. O autor não explicita a gramática normativa (Devidamente incluída na hipótese das regras propriamente ditas, ou seja, aquelas contidas nos livros de Português.), por entender que o modelo já é conhecido por todos os professores de Língua Portuguesa, onde o mesmo não admite erros de concordância, ortografia, sintaxe ou semântica.
As variantes abertas pela gramática descritiva tornam a língua mais, digamos, popular e aceitável. Sem fugir de uma estrutura sintática regular, o falante consegue substituir elementos ou adaptá-los de maneira coerente ao seu dia-a-dia, intercalando variações que se tornaram tão freqüentes, a ponto de se sobreporem às formas padrões ditadas pela gramática normativa. Exemplos como a exclusão do final da desinência (m) da terceira pessoa do plural dos verbos (FIZERO por FIZERAM), fazem parte de um conjunto de termos que o falante do português brasileiro tomou para si, deixando para trás pronomes e expressões obsoletas e arcaicas.
Entende-se que o fator correção ao se utilizarem termos como “é eu”, “nós vai”, etc., é social e não lingüístico. Expressões desse tipo são usadas por pessoas sem uma formação escolar adequada. Estaríamos falando então de gramática internalizada? Segundo Possenti, sim. Mostrando que é necessário apenas o conhecimento lexical e o sintático-semântico, ele cita diversos exemplos nos quais o falante (Seja adulto, criança, nativo ou estrangeiro) se expressa e se faz entender, mesmo não havendo concordância na oração: “Os menino panha as goiaba”. Na verdade não há uma preocupação com a nomenclatura dos elementos ou a estrutura sintática da frase. O que importa é a comunicação e não a regra propriamente dita.
Em uma abordagem rápida, o autor faz um paralelo entre regras-língua-erro, onde individualmente analisa cada um dos termos. As regras são vistas sob o aspecto da obrigatoriedade da lei jurídica e a regularidade e constância das “leis da natureza”, sendo a primeira semelhante à gramática normativa e suas imposições; enquanto a segunda contemplaria a gramática descritiva, através de sua maleabilidade.
No tocante à língua, há uma preocupação maior com a modalidade escrita, visto que na fala, a gramática descritiva “aceita” determinadas variações, principalmente as faladas por uma classe social mais baixa. Entretanto, as variações lingüísticas devem ser respeitadas e não, preconceituosas.
Discorrendo sobre erro, Possenti mais uma vez enfatiza a gramática descritiva em contrapartida com a normativa, que define o termo em estudo como “... aquilo que foge à variação que foi eleita como exemplo de boa linguagem” (Grifo acrescentado). É importante lembrar que alguns desses erros são oriundos da maneira de como a palavra pode ser usada em determinados contextos. O que acontece, por exemplo, na conjugação de alguns verbos como PODER-MOS por PODERMOS ou na pronúncia de substantivos como FIA por FILHA.
Finalmente, é feita uma sintetização dos tópicos estudados, de maneira que o autor valoriza a língua materna do falante e instiga a escola a dar prioridade a esse tipo de aprendizagem, para que a partir daí se mostrem os direcionamentos que levarão o aluno a conhecer as regras impostas pela gramática normativa e usá-las de acordo com o contexto sócio/cultural que esteja envolvido.
O texto destina-se a pessoas que trabalham com comunicação, professores de Língua Portuguesa, pedagogos e estudantes de Lingüística em geral.